Olá irmãos,
Recebi uma notícia deveras louvável esta manhã: um grande fiel de nossa amada Igreja, o Sr. Sérgio Lobo, acaba de ingressar na Universidade de Teologia da Alemanha para estudar “Direito Divino”. Ao cabo de 10 anos ele estará apto a defender réus, em tribunais de todo o mundo, valendo-se da Palavra. Fiquei muito feliz quando soube que minha carta de recomendação tinha sido a chave da sua aprovação. No entanto, sua vida nem sempre foi de glórias.
Caros irmãos, já notaram como a vida não passa de uma simples ópera? Todos nós seguimos a partitura já escrita pelo nosso Senhor, compositor e regente. Assim como uma sinfonia, a vida também tem variações bruscas durante sua execução – tudo ao bel-prazer do compositor que, utilizando-se de sua divina sabedoria, prevê o resultado positivo de algo que, ao primeiro momento, parece infrutífero.
Tal partitura é, sem dúvida, a que guia o Sr. Sérgio Lobo. Deus quis que ele nascesse nas piores condições possíveis: nascido em 1979 em Portugal, era filho de um médico e uma pesquisadora, ambos católicos fervorosos (só podiam ser católicos para seguirem tais profissões tão demoníacas). O padrão de vida relativamente alto que gozava em nada contribuiu para o seu engradecimento espiritual e sua vacuidade espiritual era cada vez maior.
1º ATO – A Vida na Europa
Aos 7 anos, o até então prólogo em Allegro cedeu lugar para um Adagio em notas graves: ao brincar com o NES (um video-game que aportara naquele ano na Europa) que seus pais o deram de presente, o mesmo sofreu superaquecimento e explodiu fazendo que alguns chips e pequenos componentes eletrônicos adentrassem seu cérebro através do globo ocular.
Aos 10 anos, agora cego de um olho e com problemas de raciocínio devido aos danos cerebrais, Lobinho (assim como era chamado pelos colegas) finalmente estava apto a ler e escrever. Estava alfabetizado… ao menos era o que seus pais pensavam. Durante uma viagem para a Alemanha Ocidental, Lobinho estava passeando próximo ao Muro de Berlim quando foi violentamente “atropelado” pela multidão enfurecida como um touro bravo: o Muro de Berlim dava seus últimos suspiros assim como Lobinho no Hospital de Berlim.
A partitura de Lobinho, mais uma vez, dava uma reviravolta: após alguns meses de recuperação, assim como 8 cirurgias de reconstituição facial, Lobinho vivia. Apenas uma sequela ficou do trágico acidente: amnésia completa. Não se lembrava de absolutamente nada – nem mesmo de como ler e escrever. Hoje sabemos que o médico que o operou após o fatídico acontecimento era católico e, “acidentalmente”, acabou por desferir seu bisturi afiado na região do cérebro responsável pela memória.
2º ATO – Tragédia no Brasil
Após ser reconduzido para Lisboa totalmente sedado (pois o fato de não se lembrar de nada o tornou extremamente agressivo), seus pais decidiram iniciar uma nova vida: foram para o Brasil. Em 21 de Março de 1990 desembarcam no Aeroporto Tom Jobim, na cidade do Rio de Janeiro. Ao chegarem, recebem uma notícia: o Plano Collor confiscara, no dia 16 de março, todas as poupanças, incluindo a dos pais de Lobinho, que haviam depositado todas as suas economias na extinta “Poupança Azul”, da Caixa Econômica Federal.
Não restando opção, foram dormir na rua até que conseguissem ajeitar a situação. Triste foi aquele dia onde os mendigos que comandavam a região assassinaram a pauladas o pai de Lobinho, acusando-o de invadir o território deles. A mãe teve de assistir a essa cena horrorizada. Mas não durou muito… após notarem que o crânio havia sido esmagado, voltaram a atenção para ela. Os 17 mendigos homicidas também abusaram, um por vez, da mãe de Lobinho.
Sem dinheiro, marido ou honra, só restou para a mãe de Lobinho uma opção: a “vida fácil”. Era o único modo de conseguir comprar os sedativos necessários para manter Lobinho calmo. O tratamento de Lobinho com sedativos não durou muito tempo: após contrair AIDS, sífilis e gonorréia na casa de orgias a qual trabalhava, a mãe de Lobinho, muito magra e debilitada devido ao consumo excessivo de álcool, cocaína e craque, tornou-se portadora da tuberculose e morreu em questão de dias nas calçadas frias e sujas do Rio de Janeiro.
O IML recolheu o corpo alguns dias depois e a enterrou numa cova rasa como indigente (até hoje suspeitam que na verdade seu corpo foi roubado por mendigos que cometeram sucessivos atos de necrofilia até o cheiro tornar-se insuportável, mas são apenas especulações). Lobinho – já cego, com raciocínio lento, rosto deformado e sem se lembrar de nada do seu passado – agora é um orfão de pai e mãe, abandonado no entorno da Igreja da Candelária.
Quer saber o que aconteceu com o Sr. Sérgio Lobo e como ele encontrou Jesus? Aguarde a 2ª Parte.